sábado, 1 de fevereiro de 2014

Neuza Rodrigues, criadora: "Apesar de ser autodidata, não tenho parado de trabalhar"

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Aos 26 anos, a estilista Neuza Rodrigues já conta com um prémio no currículo: foi a vencedora da edição de 2011 de ‘A Costureira de Portugal’, promovida pelo programa ‘Você na TV’. Conheça o percurso desta jovem empreendedora, sem medo de arriscar.
Já vestiu atrizes e representantes portuguesas em concursos de beleza. Hoje, aos 26 anos, revela-nos que, apesar dos tempos de crise, apostou exclusivamente na moda como profissão.
Neuza Rodrigues nasceu na Guarda. Sempre se considerou vaidosa e desde pequena que se lembra de desenhar vestidos para as bonecas. Formou-se em Psicologia e mudou-se para Lisboa para fazer o mestrado em Psicologia Educacional. O ‘bichinho’ da moda ganhou forma, e após terminar os estudos, dedicou-se completamente aos croquis e aos tecidos cortados com precisão. Em 2010 lança o blog nzlookbook e nunca mais parou de costurar. Entrevistámos a jovem estilista.

Depois de se formar em Psicologia, como decidiu a moda era o caminho a seguir? 
Nos últimos anos em que estudei Psicologia já sentia uma certa desmotivação e que talvez a psicologia, por si só, não me satisfizesse. Sentia falta de estimular mais o meu lado criativo e artístico. Por isso, quando terminei o curso, de forma natural, comecei a dedicar-me mais à moda, a criações próprias e as coisas foram crescendo, deixando a Psicologia cada vez mais afastada.
Assume-se como autodidata. Não pensa aprofundar os seus conhecimentos na área?
Sim, não está fora de questão, existe ainda muita coisa na área de design de moda que gostava de aprofundar, até por gosto pessoal.
Trabalho ou talento, qual julga o mais necessário? 
Sem talento dificilmente o trabalho, por si só, nos valerá. Pode valer-nos como forma de sobrevivência, mas não se almejarmos sobressair ou ter uma posição firme na área. Luto porque acredito que posso ter uma palavra a dizer na moda. Contudo, isso não significa que não seja preciso trabalhar muito, porque é! Eu tento, pouco a pouco, ir alcançando novos patamares, mas sempre assente numa base de muito trabalho.
É muito difícil vingar nesta área?
Não digo que seja fácil. É preciso uma junção de vários fatores: talento criativo, trabalho, humildade, consciência comercial, uma grande determinação e alguma dose de sorte. Mas não é impossível.

Com a conjuntura atual, consegue viver apenas do seu trabalho como estilista?
Eu estou só dedicada à moda. Optei por fazê-lo, primeiro porque, felizmente, tenho estado sempre a trabalhar, sem pausas. E depois porque considero que estes primeiros anos dedicados à análise, especialização e trabalho na área foram e serão essenciais para o meu futuro profissional.  Apesar de ser autodidata, não tenho estado parada; tenho estudado e dedicado muito tempo ao trabalho na moda.

Após ganhar o concurso ‘A Costureira de Portugal’, do Você na TV, onde apresentou várias criações, sentiu que houve maior procura por parte de clientes?
Essa foi a primeira vez que expus mais o meu trabalho, ainda sem saber se teria o talento necessário para vingar ou para fazer disso o meu trabalho. E a receção foi espantosa. Houve uma enorme procura, pessoas que me acompanham até hoje. Foi aí que senti que o meu trabalho foi verdadeiramente reconhecido. Acabou por ser isso que me deu o empurrão para seguir em frente.
Quem ou o que a inspira?
Inspiro-me muito no street style, nos look's que surgem de forma espontânea. Acho que é nas ruas, em ambientes cosmopolitas, que se respira verdadeiramente moda. E depois faço um estudo diário de blog's, páginas de moda, acompanho tudo o que se passa na área e acabo por absorver muito disso também. 
Apresenta propostas de “reciclagem de roupa” no blog. Muitas clientes pedem-lhe alterações no vestuário?
Por vezes, mostro no blog alterações que faço no meu próprio vestuário (não tanto como desejaria, ainda não se tornou uma constante, por falta de tempo) e também já mostrei algumas alterações pedidas por clientes. Contudo, sinto que a procura para reciclagem de roupa ainda não tem sido muita, curiosamente. As pessoas procuram-me mais tendo em vista peças novas personalizadas. 
Que figuras conhecidas mediaticamente já vestiu?
Catarina Wallenstein, para uma edição dos Globos de Ouro. A Marta Melro. Já vesti também representantes portuguesas em concursos de beleza internacional e cedi peças para editoriais (por exemplo Sandra Sá ou Andressa Pedry) de revistas variadas.

Quais as figuras públicas para as quais gostaria de criar?
Não penso em ninguém em particular, sendo que é sempre bom ver as minhas peças usadas por pessoas conhecidas, e saber que se identificam com as minhas peças. 
Sente que poderá deixar a sua marca em Portugal?
Sinto que sim, honestamente. E é por isso que me tenho esforçado tanto, para chegar, precisamente, a esse patamar.

Ambiciona alcançar o mercado internacional?
Claro que sonho com isso, tenho essa ambição. Mas terá que ser bem devagar. Não vale a pena fantasiar com isso agora. O meu projeto é ainda bem, bem pequenino. Quero que ele cresça aqui, em Portugal. E se tudo correr pelo melhor, quem sabe um dia, chegue lá fora.
Que estilista Português mais admira? E internacional?
Gosto do nosso Miguel Vieira. É muito consistente, arrojado, sem nunca fugir do bom gosto e de uma linha de bases clássicas. Internacionalmente é sempre muito difícil escolher um nome. Admiro o trabalho do Marc Jacobs, acho que consegue ser fenomenal, e o trabalho que fez com a  Louis Vuitton foi espantoso. Mas depois temos também verdadeiras lendas como, por exemplo, o Oscar de la Renta, que continua a deixar-me boquiaberta a cada coleção. 
E a psicologia? Pensa exercer ou está fora de questão?
Para já não está nos meus planos. Nunca digo nunca, mas sinto-me muito afastada de momento.
Um sonho?
Ver um vestido meu no tapete vermelho de um evento internacional, como os Oscars, por exemplo. Seria um verdadeiro sonho.

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